Policiais são suspeitos de matar alemão
Emanuel Amaral SUPOSIÇÃO - Maurílio Pinto acredita que PMs podem estar envolvidos
16/09/2006 - Tribuna do Norte
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Jacson Damasceno - Repórter
Três policiais militares são suspeitos de terem matado o empresário Kai Wolfran Lisboa, de 47 anos. A afirmação é feita pelo subsecretário de Defesa Social Maurílio Pinto. Uma vizinha da vítima viu quando ele foi levado por policiais em um carro sem placas, na manhã do desaparecimento. Para Maurílio Pinto, esses homens podem ser três PMs que trabalhavam como segurança do sócio de Wolfran.
“Isso tudo é uma hipótese. Mas é claro que esses três policiais são suspeitos”, disse Maurílio. Uma disputa judicial entre os dois sócios reforça a suspeita da polícia. A vítima, que tinha 5% das ações da fazenda de fruticultura “Pai”, havia acionado o sócio — também alemão — na Justiça do Trabalho, porque não estaria recebendo os pagamentos corretamente. Uma audiência estava marcada para a última segunda-feira. Somente a parte reclamada compareceu. Kai já estava morto.
O reconhecimento oficial do corpo do empresário só deve acontecer hoje, pela mãe e uma irmã que estão chegando da Alemanha. Mas a polícia tem quase certeza de que o corpo encontrado carbonizado em um matagal próximo à praia de Caraúbas seja mesmo o do empresário. Foi o que disse na edição de ontem da TRIBUNA DO NORTE, o delegado Fábio Rogério, que cuida do caso. “Eu tenho 90% de certeza de ser ele. Mas é importante o reconhecimento, para que não haja duvida.”
Kai Wolfran Lisboa morava com a namorada há três meses no Parque dos Coqueiros, Zona Norte de Natal. Jeane Botelho de Oliveira contou à polícia que ela saiu para trabalhar e ao voltar, na tarde do dia 6, não o viu mais. Mas, segundo Maurílio Pinto, uma vizinha viu quando ele foi levado de casa, por volta das 6h. “A mulher disse que eram uns policiais que botaram ele dentro de um carro sem placas e levaram embora”, disse.
A partir das investigações, a polícia descobriu que o sócio de Kai, cuja identidade não foi revelada, havia contratado três policiais militares para fazerem sua segurança. “O interessante é que esse alemão contratou os PMs exatamente por ter medo de Kai”, afirmou Maurílio. O subsecretário disse ainda que tem o nome e conhece os policiais, mas preferiu não revelar de quem se trata. “Eu não quero falar agora para não tomar uma atitude precipitada, já que eles são suspeitos. Além de não querer prejudicar as investigações”, argumentou.
Os policiais ainda não sabiam que estavam sendo investigados, o que deve mudar a partir das declarações do subsecretário. Com isso, eles devem ser chamados para depoimento, a fim de que esclareçam dúvidas da polícia. Perguntado sobre o que poderia ter acontecido com a vítima para que ele fosse assassinado, Maurílio arriscou que o objetivo do rapto seria fazer com que ele faltasse à audiência na Justiça do Trabalho. Sendo assassinado por ter ratificado que iria tocar a causa para frente. “Mas é bom ressaltar que isso é uma conjectura, uma possibilidade.”
De acordo com o delegado regional de João Câmara, Fábio Rogério, a partir da segunda-feira a polícia deve reforçar a atenção ao caso, começando a ouvir os envolvidos e empreendendo novas diligências. Um depoimento considerado importante é o de Jeane Botelho, a namorada da Kai. A reportagem da TRIBUNA tentou falar com Jeane mais uma vez por telefone, mas ela não atendeu às ligações. Jeane já havia dito que não queria se pronunciar sobre o assunto.
Corpo foi achado em B. de Maxaranguape
O mistério sobre o caso Kai Wolfran Lisboa começou a partir do aparecimento de um cadáver no domingo, dia 10 deste mês, em Barra de Maxaranguape. O corpo, já em estado de putrefação, estava parcialmente carbonizado e tinha o crânio esfacelado por um tiro de escopeta calibre 12. Junto ao cadáver, estava a cédula de identidade de Kai, alemão naturalizado brasileiro que gerenciava uma fazenda de fruticultura na região.
Por vários dias a polícia e a imprensa tentavam descobrir detalhes sobre o dono do documento, e se o corpo encontrado era mesmo o de Kai Wolfran. Finalmente descobriu-se que a namorada da suposta vítima, Jeane Botelho de Oliveira, de 36 anos, havia prestado queixa sobre o seu desaparecimento no dia 6 deste mês, quatro dias antes de o cadáver ser achado.
Jeane informou aos policiais que saiu de casa naquela manhã de quarta-feira normalmente, para trabalhar. O casal morava na casa de Jeane, no Parque do Coqueiros. A mulher ficou preocupada porque quando voltou, à tarde, encontrou a casa fechada, sem indícios de arrombamento ou violência, mas Kai não apareceu mais.
O corpo encontrado em Maxaranguape ainda está no Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep) e deve ser reconhecido por familiares de Kai. Eles ficaram de chegar a Natal hoje, mas segundo a polícia, o reconhecimento não deve passar de um ato burocrático, já que indícios dão certeza quase total à polícia de que Kai tenha sido, de fato, executado.
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